quinta-feira, 9 de julho de 2009
quinta-feira, 2 de julho de 2009
As palavras desabavam dentro de mim uma a uma
cortando- me desajeitadamente que nem faíscas pontiagudas
Partida ao meio pelo vazio da linguagem,
a verdade começava a pulsar e arder sem piedade:
Não haveria mais suspiros, palavras inventadas, olhares ternos e neologismos delicados
Só me restava a realidade- dura, disforme e decidida
E as palavras opacas- para dizer do corpo em pedaços, do corpo no copo, do corpo vazio e sem borda
Sobrava também a estranheza do cotidiano
E cintilava o sinistro no frêmito de cada um- no grito mudo que cada um carregava em segredo
Não havia espanto nem encanto- havia só o mesmo e o meu assombro perplexo diante das coisas e da impermanência delas
Sem fantasia o dia caminharia- o olhar sem brilho, a pele sem viço, a sala sem poesia
Nunca mais seríamos os mesmos, nunca mais seríamos os outros,
Sem mais irresponsabilidades compartilhadas e camas sujas
Sem mais encontro e sorriso aberto
Ficou só o tédio, acenando quase de perto
Ainda de longe, brilhavam e insistiam jardins, flores, músicas, varandas e livros partilhados
Ainda mais distante, a graça, a leveza e a urgência do desejo permaneciam vivos.
Tudo morria, mas alguma coisa sobrevivia.....
FLOR DE BELA ALMA
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